sexta-feira, 23 de julho de 2010

OS PERIGOS DA PROCRASTINAÇÃO

Há muitas maneiras de evitar o sucesso na vida, mas o caminho mais eficiente para isso é o caminho que leva à Procrastinação Crônica. Os Procrastinadores Crônicos são auto-sabotadores que colocam obstáculos para si mesmos o tempo todo, além de escolherem os caminhos que, invariavelmente, comprometem seu desempenho.

A procrastinação é algo até normal entre todos. Deixar uma tarefa ou outra de lado diante dos afazeres do dia-a-dia faz parte de nosso direito de escolha. Talvez você tenha escolhido ler este texto em detrimento de alguma tarefa que deveria fazer, mas esta opção, desde que não coloque em risco sua disciplina, é absolutamente normal.

O simples fato de uma pessoa se incomodar em procrastinar algo que deveria ter recebido sua atenção prioritária, como apertar o botão soneca do despertador, por exemplo, já é um fator que diferencia o procrastinador eventual, ou seja, a maioria das pessoas, dos procrastinadores crônicos.

Segundo levantamentos realizados por Joseph Ferrari, Ph.D., professor associado de psicologia na De Paul University em Chicago, nos EUA e Timothy Pychyl, Ph.D., professor associado de psicologia na Carleton University, em Ottawa, Canadá, vinte por cento dos adultos podem ser identificados como procrastinadores crônicos. Para eles, a procrastinação é um estilo de vida, embora, de fato, seja um problema de adaptação frente às responsabilidades da vida.

É fácil identificar os procrastinadores crônicos : geralmente são aqueles sujeitos que não pagam suas contas em dia, que declaram o imposto de renda muito em cima da hora ou atrasado, que perdem vôos e a revisão gratuita do carro, que paga a academia por meses mas não aparece a nenhuma aula, que falta às consultas médicas que foram marcadas, que deixam para fazer as compras de Natal na véspera. Enfim, um procrastinador crônico deixa tudo para o dia seguinte. Empurra tudo com a barriga e no final enfrenta uma forte tensão por não ter cumprido com seus compromissos.

A boa notícia é que a procrastinação é um mau hábito, ninguém nasce procrastinador. A procrastinação, no geral, é um legado cultural que vem, indiretamente, do meio familiar ou educacional do procrastinador. É, em muitas das vezes, uma resposta a um estilo autoritário dos pais e professores.

No ambiente profissional, a procrastinação representa um problema profundo de auto-regulação. Temos uma tendência natural em evitarmos tudo o que nos parece tedioso e isso é ainda mais profundo no procrastinador crônico. As tarefas rotineiras se tornam a menor das prioridades e são engavetadas no dia-a-dia até que se acumulam de tal maneira que trazem prejuízo à empresa, aos clientes e ao próprio procrastinador.

Procrastinação não é um problema relacionado à capacidade de gerir o tempo ou de planejamento. A procrastinação está ligada à escolha equivocada de prioridades. Os procrastinadores crônicos não são diferentes na sua capacidade de estimar o tempo, embora sejam mais otimistas do que os outros. Portanto, oferecer treinamentos de gestão de tempo, planejamento ou, simplesmente alertar alguém que procrastina corriqueiramente para comprar um planejador semanal, não surtirá nenhum efeito prático.

O desequilíbrio emocional é outro germe que pode desencadear o hábito da procrastinação. No ambiente de trabalho é comum que pessoas inseguras e deprimidas se tornem procrastinadoras crônicas, principalmente as que estão expostas a uma chefia autoritária, a fortes e constantes frustrações de expectativas. Estruturas corporativas autoritárias são usinas de procrastinadores crônicos ou circunstanciais e os prejuízos por isso são enormes.

O perfeccionismo exacerbado pode levar à procrastinação. A pessoa perfeccionista, por acreditar que necessita de mais recursos para executar suas tarefas, acaba postergando-as e, apesar de ter talento para tal, não consegue entregar os trabalhos da faculdade, os projetos no trabalho entre outros tantos afazeres que haviam sido combinados.


Um lado cruel da procrastinação é que esta prediz níveis mais elevados de consumo de álcool entre as pessoas que bebem. Procrastinadores crônicos tendem a beber mais do que os outros em função do acúmulo de problemas generalizados na auto-regulação de suas vidas. O mesmo pode ocorrer no que diz respeito ao consumo de substâncias químicas.

Mentir para si mesmos é a grande característica dos procrastinadores. A mentira clássica é "eu trabalho melhor sob pressão". Ou seja, uma forma de se justificar a mania de deixar tudo para depois. Mas, na verdade eles não ficam à vontade diante da pressão por conta falta de disciplina. Outra grande mentira que os procrastinadores crônicos se utilizam é a de que a pressão, em função do pouco tempo, os tornam mais criativos, mas o fato é que estes não têm motivação para serem criativos e acabam desperdiçando seus recursos com a procrastinação em si.

É comum procurarem formas de distração. No trabalho, a verificação constante de e-mail, navegação constante nos sites e nas redes sociais da internet é quase perfeito para este fim. Eles se distraem como forma de regular as suas emoções como o medo do fracasso.


Segundo estudos realizados ao longo de um ano, foram verificados que estudantes universitários que foram identificados como procrastinadores crônicos, apresentaram evidências de baixa imunidade, adquirindo resfriados e gripes com mais freqüência, além de problemas gastrointestinais. Outro fenômeno apresentado foi o elevado índice de insônia neste grupo.


A procrastinação tem um custo elevado tanto para os procrastinadores quanto para os outros. O procrastinador crônico inverte o ônus da responsabilidade para os outros e os que recebem este ônus se tornam ressentidos por isso. A Procrastinação destrói o trabalho em equipe no local de trabalho e também as relações privadas.


O procrastinador crônico pode mudar seu comportamento, mas isso consome muita energia psíquica. E isso não significa necessariamente que a pessoa venha a se sentir “transformado internamente”, pois na verdade a pessoa passa a se auto-regular aos poucos e os benefícios disso podem não ser muito percebidos de imediato. Por isso, é necessário que um procrastinador crônico seja acompanhado por um profissional de psicologia para que possa se submeter a uma terapia cognitivo-comportamental estruturada.


Um abraço,


Alberto Matos

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