quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Seguradoras irão abolir “segurês” das apólices

Olá.

Estou no mercado segurador desde inicio da década de 90. Meu primeiro contato foi com a Previdência Privada, os famosos Planos de Benefícios Definidos (hoje em extinção) e depois os Planos de Contribuições Definidas, os famosos FGBs, Fundo Gerador de Benefícios.

A partir daí a coisa se complicou ainda mais com os FGBL, PGBL e VGBL, a tão falada Sopa de Letrinhas.

Lembro que, um dos primeiros treinamentos de produtos em que participei, um dos treinados perguntou ao Consultor quem era essa tal de Susete, se referindo a SUSEP obviamente.

Em 1995 comecei a trabalhar com Seguro Saúde e me deparei com novas nomenclaturas ainda desconhecidas por mim: Prêmio, Sinistro, Sinistralidade dentre outras mais.

Naquele momento Prêmio para mim era uma distinção dada como encorajamento por trabalhos ou mérito, algo que a gente ganhava em nosso aniversário, ou ainda um carro horroroso da Fiat. Sinistro era algo problemático, assustador, ameaçador, aterrador, temível, apavorante, cuja melhor definição era, fique longe disso.

Tem também o nome do profissional que atua no mercado segurador, o ATUÁRIO, aquele que é responsável por calcular os “Prêmios” frente às coberturas garantidas pelo Seguro, além é claro da elaboração da Nota Técnica Atuarial. Bom, um dia desses eu explico o que é isso...

Certa vez me perguntaram que curso superior eu estava fazendo e eu disse, todo importante...Estou fazendo Atuária. A pessoa me disse de supetão, “- Ah... você está fazendo economia???”. Ela entendeu... Estou fazendo “a-tua-área”. Ela era formada em economia, é claro.

Voltei a tentar explicar por mais duas vezes o que vinha a ser Atuária, mais precisamente Ciências Atuariais, mas o assunto acabou indo logo para o futebol.

Bom, tudo isso pra dizer que, com o aumento da participação do mercado segurador no Produto Interno Bruto (PIB) para 3% nos últimos cinco anos, as seguradoras chegaram à conclusão que, para o próximo salto, será necessário melhorar o atendimento e a comunicação com o consumidor.

Para isso, montaram um comitê, composto por representantes da alta direção das 16 maiores seguradoras. O grupo já está desde o início do ano trabalhando no tema. O objetivo é ampliar a transparência e a proximidade com o consumidor.

As mudanças vão começar pelo segmento de vida e previdência, porque se acredita que é o produto que a clientela entende menos. O seguro mais conhecido e entendido é o de automóveis, que também será alvo de uma campanha, assim como o seguro saúde.

Será utilizada uma linguagem mais acessível. Por exemplo, o termo Prêmio será substituído por expressões mais próximas como pagamento, contribuição, mensalidade. Sinistro, por acidente ou evento que gera indenização (morte, reembolso de despesas médicas, colisão) e assim por diante.

Embora os Contratos de Seguros , comumente chamados de Condições Gerais do Seguro, possuam glossários, são tão complexos que mesmo pessoas com nível superior demonstram dificuldades de compreensão do funcionamento do seguro, gerando diversos constrangimentos, principalmente quando da não indenização de uma cobertura por um detalhe contratual não entendido pelo segurado.

Essa incumbência de traduzir o segurês sempre foi do Corretor de Seguros, profissional legalmente habilitado para tal, porém nem todos os seguros são adquiridos diretamente pela intermediação do Corretor, como por exemplo os ofertados em agências bancárias ou mesmo os seguros coletivos adquiridos pelos empregadores, cujo empregado não tem nenhum contato com o Corretor, a empresa compra para ele utilizar.

Essa nova medida melhorará de forma acentuada o entendimento dos clausulados, em principal à classe C e D, cuja participação na compra de seguros deve aumentar de forma exponencial, assim que aprovada a regulamentação do microsseguro no Congresso.

Desta forma, acredito que em curto prazo nosso entendimento será muito maior, as reclamações em ouvidorias e em órgãos de defesa do consumidor diminuirão e finalmente o Corretor de Seguros poderá contribuir em assuntos de maior relevância, como negociação de reajustes, de novas coberturas, de mecanismos de regulação e redução dos custos com seguros.

Forte abraço

Rogerio Machado

Rogério Machado é executivo da LAMP

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